Fatos e Versos: 10/12/10

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quando se ama a pessoa errada, os sinais estão sempre ali, tão claros como a luz do sol, desde o começo... Mas a visão de quem ama é embaçada, e os ouvidos, fechados a qualquer mensagem de alerta... O coração apaixonado não legitima os avisos, por isso, sangra!

O feitiço quebrou, o encanto partiu-se ao meio com o peso da indiferença que sobrou. Nada lhe convém que não seja o ideal talhado em pedra de diamante... Não eras tu o solidário e incoerente, o mais frágil e sorridente? E eu, constante e simples mulher à mostra, com o coração balançado entre viver ou morrer de amor? Terei até o fim do luar uma resposta para essa confusão entre querer e poder? Ah, quem me dera ver além do que está na cara...

Soltando o verbo hoje... amanhã... e depois de amanhã... Sem arreio ... sem freio que me faça parar...

Coração na ponta dos dedos e alma no teclado. Poesia sentida... Dessas que a gente recosta o ouvido sobre ela e ouve o coração pulsar! Amante do que sinto meu coração vive assim... passeando nas letras...

Meus versos perderam o rumo, andam feito criança meio sem direção... Saltitantes passeiam por paisagens multicoloridas, sobrevoam rios, mares e cachoeiras... Onde a água corre eles estão brincando... Me encanta vê-los livres assim... Tão leves como me sinto agora!

Não silencie um amor sublime, não engane um coração que ama. Meu sentir repele a indiferença, é fraco para ouvir arrogância, forte para negar pouca vontade, tranqüilo para repousar na espera... Até mais que isso, se acreditar que vale a pena!

Gosto de inventar estórias e desenhar sentimentos sem ais. Meu coração se afina com o real da vida, nenhum brilho falso me atrai. Me deleito com leituras viscerais, na emoção de me entregar à paz. Se a verdade às vezes dói, a mentira fere muito mais!

Mulher de fases, fusos, faces... Variantes de humor, mapeadas a riso e dor, balanças tuas vestes por cores tortas. Estrelas são tuas rotas, tuas visões voltadas ao céu... Mulher de intuição, de intenção, de imersão... Dá asas ao coração, no sentido da emoção em flor, aquece os jardins das delícias. E num piscar de olhos acorda para a razão, pois tua é a natureza dos sonhos - de toda parte que surpreende.

Amor renegado

Animado com os primeiros quinhões da rodada, Gil se deixou levar pelo entusiasmo. Arriscou as poucas fichas que tinha no lance que, para ele seria a redenção de todos os pecados cometidos na vida. Seu grande erro foi ter esquecido de ligar a mente no alerta máximo dos sentidos, antes de entrar de cabeça no arriscado jogo da paixão. Como era imperioso recuperar as cartas perdidas do baralho estampado no lado esquerdo do peito, perseguia alucinado o sonho de ganhar a iluminada dama de ouros, que para seu azar não era boba nem nada de se render a um simples valete de espada.

Homem de fé vacilante, a cada amanhecer rogava por um milagre, deixando o coração náufrago entregue à sorte de um possível resgate do sonho incompleto. Sufocado pelo desejo do amor arredio a seus insistentes apelos de parceria, nadava dando tortas braçadas tentando retomar a rota que o levaria ao imaginário porto seguro. Como quem pensa ser um exímio manobrista, mas de fato não é, perambulou pelos cassinos da ilusão dourada, enlouquecido com o eco das seguidas recusas de socorro.

Sem acertar o trunfo rumo ao sucesso almejado, apostou inúmeras vezes na habilidade nata da trapaça, lançando repetidamente as minguadas fichas que restavam nesse amor renegado. Selecionou antigos naipes arquivados na memória defasada pelo tempo perdido. Tentou de maneira frenética ganhar a última dança da dona da banca do carteado, que, com olhos voltados para as alturas vivia noutra era, dividida entre o brilho do sol nascente e a penumbra da noite alta.

Ao fim de cada dia Gil derramava-se em lágrimas disfarçadas em sorrisos de alegria. Vagou insone de bar em bar, por longo tempo trilhando os mesmos caminhos sem volta. Naufragou na bebida que não saciava sua sede infinita. Ficou preso aos arredores onde morava a esperança vestida de vermelho que, indiferente a suas tolas manobras, passou a correr dele como o diabo foge da cruz. Como era imaturo em compor sentimentos, verdadeiros, continuou rodopiando entre antigas e novas canções, e se perdeu nas letras do amor fracassado. Ninguém mais dançou com ele uma música inteira.

Duelo de uma paixão

Ela se dizia a tal, ele o supra sumo. Afinavam-se além das fraquezas morais que não passavam desapercebidas. Ela vendia a imagem de mulher valorosa, objeto de cobiça de homens poderosos. Neste jogo de atração e posse, ele camuflava a baixa estima sob a aura da fama de sedutor bem sucedido. Eram ególatras talhados do mesmo barro, escondendo um do outro as reais intenções que rondavam suas mentes imaturas, duelando entre si e se apaziguando sob os lençóis...
No princípio ela queria cama e a varanda (dele). Ele de cara quis todos os móveis e cômodos da casa (dela). Ele anunciava sua paixão aos quatro ventos para ela sentir-se a vencedora do páreo. Ela queria as rédeas nas mãos para mantê-lo a seus pés. Ele pagava com gosto o preço de ser fantoche para ter lugar de destaque na garupa dela. Ela era uma guerreira destemida de olhos vidrados no agora. Ele um militante sem patente marchando na via incerta do amanhã.
Ambos atiçavam a inveja nos supostos inimigos, como se a libido precisasse de uma dose de extravagância para se inflamar. Não, eles não eram dois jovens inconseqüentes querendo se afirmar mediante os prazeres da vida... Eram dois estranhos de si mesmos, com meio século de vida rodados, pisando desequilibrada-mente no campo minado das paixões telúricas.

Dando a largada

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Soltando o verbo hoje... amanhã... e depois de amanhã... Sem arreio ... sem freio que me faça parar...

Coração na ponta dos dedos e alma no teclado. Poesia sentida... Dessas que a gente recosta o ouvido sobre ela e ouve o coração pulsar! Amante do que sinto meu coração vive assim... passeando nas letras...

Não silencie um amor sublime, não engane um coração que ama. Meu sentir repele a indiferença, é fraco para ouvir arrogância, forte para negar pouca vontade, tranqüilo para repousar na espera... Até mais que isso, se acreditar que vale a pena!

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