Dando a largada

As atividades do cotidiano devem ser um reflexo da alma e não somente o cumprimento de tarefas.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


Sacudiu a poeira grudada na roda da saia, levantou de sobressalto e pensou: afinal, teria algo mais a fazer para limpar o visgo do amor ressecado pela aridez da presunção? Haveria no fim de tudo uma resposta de resgate para o coração traído pela ingenuidade? Deveria abandonar a fé na divindade humana para se resguardar das flechas de Eros? O tempo apagaria da memória os versos de amor nunca lidos?... Existiria um altar onde pudesse rogar a benesse do esquecimento e do perdão?...
De relance deitou os sonhos na rede da varanda, e escutou o vento soprar baixinho: o mundo real está atrás das cortinas. Num repente, moveu os pés, entrou na casa, abriu todas as janelas... e deixou a claridade apagar as dúvidas que se escondiam sob o véu da ilusão.


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